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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Estudantes saem às ruas e conseguem frear o aumento das tarifas de ônibus

Depois de intensos protestos estudantis na capital do Piauí, os estudantes conseguiram que o prefeito prorrogasse a auditoria que definirá sobre o aumento das tarifas do transporte público.

Foram cinco dias de manifestações intensas.

De como 200 estudantes se transformaram em 20 mil em um protesto inédito.

No dia 26 de agosto, o Prefeito de Teresina, Piauí, Elmano Ferrer (PTB)*, decretou o aumento da tarifa do ônibus do transporte coletivo de R$ 1,90 para R$ 2,10. O aumento era acima da inflação e baseado numa planilha de custos desatualizada do Sindicato dos Empresários de Transporte Urbano de Teresina (SETUT).
Um final de semana foi tempo suficiente para que, nas redes sociais, se organizasse o primeiro dia do que viria ser uma semana histórica de luta dos estudantes na capital piauiense. Depois de intensos dias de protestos estudantis conseguimos que o prefeito prorrogasse a auditoria que definirá sobre o aumento das tarifas do transporte público.

Três dias após o decreto, foi marcado um ato contra o aumento da passagem na principal avenida da cidade, Frei Serafim, com destino à Prefeitura de Teresina. Já na sede do governo municipal, cerca de 200 estudantes se autointitulando “os sem bandeira” seguiram em direção à sede do SETUT. Paralisaram o atendimento no SETUT, pararam 2 ônibus, pularam a catraca e foram para o palco da semana de luta: a Av. Frei Serafim. O trânsito da avenida foi paralisado, os estudantes dos pontos de ônibus adensaram a manifestação.

A polícia militar e o RONE, a policia de elite do Estado, estavam a postos para proteger o patrimônio dos empresários. Mesmo após o spray de pimenta, a bomba de gás lacrimogêneo e as balas de borrachas, os estudantes resistiram paralisando o trânsito da cidade. Era desproporcional, os policiais da Tropa de Choque armados de cacetes e protegidos com escudos contra estudantes que, já em tom de deboche, iam de uma via a outra da avenida entoados pela zabumba de um dos manifestantes.

Como o spray de pimenta não dispersava a manifestação, resolveram prender 6 estudantes, sendo 2 menores de 18 anos. Nada adiantou, depois de mais de 7 horas de protesto no calor intenso de Teresina, todos se dirigiram para onde os estudantes foram detidos para exigir que fossem libertos. No final, foram soltos e com essa vitória terminou o primeiro dia.

A quinta-feira foi o dia mais intenso da manifestação, 20 mil estudantes estavam na frente da prefeitura aguardando mais uma negociação com as autoridades. O resultado foi o esperado, o aumento permaneceria. Milhares de estudantes saíram pelas ruas do centro cidade, dezenas de ônibus foram quebrados e 1 ônibus foi queimado. E a promessa da palavra de ordem “se a passagem não baixar, Teresina vai parar”, foi cumprida. O microfone do carro de som foi cortado com o intuito de amenizar os manifestantes, mas mesmo assim era impossível controlar 20 mil estudantes que protestavam, não apenas quanto ao aumento abusivo da tarifa de ônibus e seu direito de ir e vir ameaçado, mas também contra uma realidade sem educação de qualidade, sem lazer, sem perspectiva. Dessa vez não deixaram barato!

Na sexta-feira, todos se concentraram em frente da Câmara dos Vereadores com a expectativa de mais um dia de resistência aguentando fome, sede, o causticante sol e a repressão policial. O governo já havia noticiado o reforço policial para conter os manifestantes. Os que circulavam pelas ruas próximas à avenida Frei Serafim percebiam a presença de viatura de tocaia e da cavalaria para intimidar aos estudantes. Até que a notícia da revogação do aumento por 30 dias para realização da auditoria chegou. A concentração final foi na Praça da Liberdade, as falas cantavam vitória: “o povo se uniu e a passagem caiu”. Os estudantes naturalmente se dispersavam com a sensação de dever cumprido.


*Uma decisão da 1ª Zona Eleitoral do Piauí cassou o diploma do prefeito, Elmano Férrer (PTB), por crime de corrupção eleitoral. O Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI) acolheu recurso de Férrer e o reconduziu ao cargo.

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